quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Retrospectiva: As coberturas inesquecíveis de 2012

E 2012 vai chegando ao fim. Pode até ser que eu ainda faça mais alguma cobertura de jogo por aqui, mas sabemos que nessa época os jogos começam a rarear, e só voltaremos com força total em 2013. Mas ainda assim, acho que este foi um ano em que posso me orgulhar do que tenho feito aqui no Campo de Terra. Acho que fiz várias coberturas memoráveis aqui, viajei o Brasil todo (e até o Exterior) em busca de bons jogos para ver, enfim, foi um grande ano para o Campo de Terra.
Para não ficar parado por muito tempo, resolvi fazer uma retrospectiva de algumas coberturas que considero realmene inesquecíveis. Às vezes, não é nem o jogo em questão que foi inesquecível, mas sim o quanto aquele jogo foi marcante para mim, o que eu fiz para conseguir ver o jogo, o que esse jogo me acrescentou, essas coisas. Enfim, vamos à lista - que organizei por ordem cronológica:

1. Palmeiras 1x0 Ajax (jogo 546, em 14/01/2012) - Até os anos 80, era comum vermos tanto equipes brasileiras excursionando pela Europa quanto grandes clubes europeus se exibindo em solo brasileiro. Quem viveu até essa época certamente lembra do grande time do Torino dos anos 40 jogando em solo brasileiro, ou as duas edições da Taça Rio, nos anos 50, ou os diversos clubes do Velho Continente que vinham para cá medir forças com o Santos de Pelé - e, da mesma forma, quantos clubes brasileiros disputaram torneios na Europa. Mas, infelizmente, o tal "futebol moderno" reduziu muito a quantidade de datas disponíveis, e, com exceção das finais de Mundial Interclubes, é muito raro termos um confronto entre um clube sul-americano e um europeu, e mais raro ainda esse confronto ser em solo brasileiro. Pois, nessa tarde de sábado, abriu-se uma exceção, e o Ajax, que fazia uma intertemporada em solo paulista, mediu forças com o Palmeiras. Não tinha como eu deixar de ver um jogo desses. E, quando a bola rolou, ela demorou mais de 90 minutos para estufar as redes, e somente no último lance da partida, Pedro Carmona fez o gol da vitória palmeirense. Um desfecho emocionante. Infelizmente, para os palmeirenses, o time da maior parte da temporada que se iniciava não repetiu a atuação daquela tarde, e o Palmeiras jogará a Série B em 2013. Que fique a lição.



2. Botafogo 1x2 Comercial (jogo 549, em 28/01/2012) - Esse deveria ser hors-concours. Depois de longos 26 anos, o maior clássico de Ribeirão Preto voltava a ser jogado pela principal divisão paulista. E eu tive o privilégio de vê-lo in loco. Foi um jogo que, se não teve um nível técnico excepcional, certamente trouxe emoções aos seus expectadores. O Botafogo saiu na frente, o Comercial empatou, o Botafogo perdeu um pênalti e o Comercial virou pouco depois. Infelizmente, com o rebaixamento do Comercial, esse clássico não se repetirá na elite em 2013. Torcida total para que o Comercial consiga o acesso em 2012, e tenhamos a volta do Come-Fogo em 2014.



3. Gama 1x2 Sobradinho (jogo 554, em 17/02/2012) - Outro clássico que voltou a acontecer depois de longa espera. Gama e Sobradinho reúnem as duas maiores torcidas entre os clubes do Distrito Federal. Mas havia muito tempo que o Leão da Serra perambulava pelas divisões inferiores do futebol candango. E o alvinegro voltou à elite em grande estilo, vencendo o clássico por 2 a 1, de virada, em pleno Bezerrão, e em plena sexta-feira de Carnaval. Apenas a primeira de muitas vitórias, que levariam o Sobradinho ao terceiro lugar do campeonato. Novos tempos de alegria para a torcida serrana?



4. Piauí 1x5 Comercial (jogo 573, em 05/05/2012) - Ver um jogo no Piauí era um projeto antigo. Até que, um dia, eu resolvi parar de "deixar para depois", e fui até Teresina. O jogo entre Piauí e Comercial, pelo Campeonato Piauiense, foi o pretexto que eu escolhi para ir a Teresina, uma cidade que me encantou. No campo, o Comercial era favorito absoluto, pois brigava pela liderança enquanto seu adversário era o lanterna da competição, e, de fato, o time de Campo Maior ratificou seu favoritismo, com uma goleada. Mas, curiosamente, depois desse jogo, o Comercial entrou em decadência, enquanto o Enxuga Rato (apelido pelo qual o Piauí é conhecido) se recuperou, e esteve perto até mesmo de se classificar para a segunda fase.



5. Nacional 1x2 União Suzano (jogo 574, em 19/05/2012) - O que me marcou nesse jogo não foi exatamente a possibilidade de incluir o USAC na minha lista de times vistos ao vivo, e nem a espetacular virada do mesmo time nos minutos finais. A melhor coisa desse dia foi encontrar diversas pessoas que, embora tenha encontrado pessoalmente poucas vezes, considero grandes amigos, e de quem sou um verdadeiro fã. Lá estava o pessoal do Jogos Perdidos, do FATV, e muita gente boa que marca presença nos estádios nesses jogos. Uma grande alegria encontrar esse pessoal. No mais, vale registrar que o jogo concorreu com a badaladíssima final da Champions League. Mais um caso de "concorrência desleal vencida": troquei a televisão pelo estádio. Não há nem nunca vai haver comparação.



6. Ypiranga 3x2 Ipitanga (jogo 577, em 02/06/2012) - O Ypiranga de Salvador, um dos mais tradicionais times baianos, que teve entre seus torcedores o ilustre escritor Jorge Amado, era um antigo "sonho de consumo". Um fim de semana na belíssima Salvador, com direito a passeios pelo Pelourinho, Elevador Lacerda e Mercado Modelo, e o sonho de consumo foi realizado. E, para coroar, um jogo emocionante, onde o Mais Querido, que era o grande favorito, abriu 2 a 0, sofreu o empate e venceu com um gol no apagar das luzes. Pena o time não ter conseguido o acesso, que fica para 2013 - o lado bom é que o Botafogo, outro time tradicional da Bahia, vai disputar a elite em 2013.



7. Sobradinho 0x0 Crac (jogo 584, em 04/07/2012) - Não tanto pelo jogo em si, mas pela outra "concorrência desleal vencida". O jogo ocorreu na noite de 4 de julho, mesmo dia da final da Copa Libertadores. Porém, assim como eu havia feito na final da Champions League, deixei a televisão de lado e fui para o estádio. Cada um tem seu gosto, e este deve ser respeitado, mas quem vai para o estádio sabe que jogo visto ao vivo tem outra emoção.



8. Guarujá 2x1 Manthiqueira (jogo 592, em 05/08/2012) - Confesso que, até hoje, ainda sinto uma emoção diferente ao ver as fotos dessa cobertura, e por vezes até já sonhei com essas fotos. Conhecer o estádio Antônio Fernandes, no Guarujá, era um projeto antigo, tanto pelas boas lembranças da minha infância e adolescência naquela cidade, quanto por todas as imagens que eu já havia visto do estádio (aquela "floresta" atrás do campo sempre me fascinou). Pena que, por ser um dia de chuva, e por eu ter pressa para chegar à capital e pegar o voo de volta para Brasília, só tive o tempo de ver o jogo e voltar, não podendo passear pela cidade. Fica para outra ocasião.



9. Planaltina de Goiás 1x2 Cruzeiro-DF (jogo 600, em 07/09/2012) - O jogo 600. Basta dizer isso.



10. América 1x2 Bangu (jogo 601, em 08/09/2012) - Tanto América quanto Bangu eram "sonhos de consumo" antigos, porém todas as viagens que eu planejava ou marcava para ver um dos dois acabava "furando". Quis o destino que eu fosse ao Rio para ver os dois times em campo juntos, em um jogo em que o América saiu na frente e sofreu a virada. Foi muito legal ver que o América, ainda que há anos longe das glórias, ainda desperta paixões.



11. Juventus 2x0 Chievo (jogo 602, em 22/09/2012) - O que falar? Primeira cobertura do Campo de Terra fora do Brasil, no belíssimo Juventus Stadium. Mesmo saindo um pouco da linha editorial do Campo de Terra, foi uma cobertura marcante, e inesquecível.



12. Caldas Novas 4x0 Canedense (jogo 603, em 29/09/2012) - Muitos psiquiatras que lessem a matéria desse jogo iam pedir minha internação urgente. "Como assim, Raul? Tanta gente vai para Caldas Novas para ver o Caldas Country, outros para aproveitar as piscinas naturalmente aquecidas, e você vai para ver futebol?". Para mim, é motivo de orgulho ler e ouvir esse tipo de comentário, ser muito normal, ser igual a todo o mundo, não tem graça. E, enquanto os outros falavam, eu curtia um belíssimo jogo de futebol, com uma goleada do time da casa, que se sagraria campeão da competição. Aproveitava, ainda, a ocasião para conhecer a bela cidade - e, sim, tomar um banho de piscina água quente à noite, no hotel.



Enfim, por alguma razão especial, esses foram os jogos que mais me marcaram em 2012. Claro que todos os demais jogos que eu vi me marcaram de alguma forma, e é difícil escolher alguns jogos sem ser injusto com os demais. Mas ver tantos jogos marcantes é sinal de que o meu ano, pelo menos no que diz respeito ao futebol e ao Campo de Terra, valeu muito a pena (nas demais áreas também, eu garanto. rsrsrs!!!). Ainda devo fazer mais uma cobertura neste ano, mas, se não o fizer, fica aqui a certeza do dever cumprido, e a promessa de continuar a fazer o melhor possível em 2013, inclusive corrigindo aquelas coisas que não ficaram como eu esperava.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

No jogo do "time 200", Canedense bate Umuarama

Cumprida a primeira parte da missão de acompanhar uma rodada dupla pela Terceirona goiana, e após um bom almoço para recuperar as forças, tomei o rumo de Senador Canedo, para um jogo que marcaria a minha história nos estádios. Afinal, o Umuarama, time da cidade de Iporá, se tornou o 200º time que eu vi ao vivo. Lista essa que, aliás, ganhou, até agora, 36 novos integrantes em 2012. E olha que não consegui incluir nenhum clube por meio das Séries C e D, nem da Copa do Brasil, competições que, tradicionalmente, são uma importante fonte de novos clubes para a lista. Assim, eu só tinha motivos para estar contente. Mas, voltando ao jogo, o adversário do Umuarama era a Canedense, time da cidade. E os visitantes chegaram ao Estádio Plínio José de Souza como favoritos, uma vez que lideravam a competição, com 21 pontos. A Canedense, por sua vez, após um mau começo, se recuperou e conseguiu algumas vitórias, mas ocupa apenas a sexta colocação, com onze pontos. Vencer era fundamental para as pretensões do time da casa, e para dar mais tranquilidade aos visitantes.


Canedense e Umuarama, respectivamente, posados. Da arquibancada, foi o melhor que consegui.

Precisando dos três pontos, a Canedense começou o jogo atacando mais, e criando boas chances de abrir a contagem. Mas depois de alguns minutos o time da casa diminuiu o ritmo. A partir daí, o Umuarama passou a criar algumas chances, mas as reais ocasiões de gol, para ambos os lados, eram esporádicas.

Umuarama ataca pela direita.

Aos 21 minutos, o time de Iporá teve a melhor chance do jogo até então. Em cobrança de falta ensaiada, a bola carimbou o travessão. No rebote, o goleiro defendeu. O lance animou o Umuarama, que passou a criar as melhores chances. O time da casa respondeu, e o jogo ficou muito bom.

Bola na área do Umuarama, com a bela vista da serra ao fundo.

Um jogo desses não ia mesmo ficar sem gols. E o placar foi aberto com um golaço. Paulinho entrou pelo meio, driblou um zagueiro do Umuarama e, cara a cara com o goleiro, chutou para fazer 1 a 0 para a Canedense. Isso aos 36 minutos de jogo.

O jogo continuou bom nos minutos finais da primeira etapa. Mas, mesmo assim, não houve mais mudanças no placar, e a Canedense foi para o intervalo vencendo por 1 a 0.

O segundo tempo começou com um ritmo bem mais lento. Mas, no primeiro lance de perigo, a Canedense aumentou a diferença. Dian acertou um chute de fora da área que encobriu o goleiro. Um golaço, para fazer 2 a 0 para a Canedense.

Canedense comemora segundo gol.

Com a boa vantagem, a Canedense recuou, e o Umuarama passou a atacar mais, mas a defesa do time da casa conseguia manter o perigo distante, e às vezes até conseguia criar chances em contra-ataques. E a situação do time visitante ficou mais complicada quando Gustavão fez falta dura e foi convidado a se retirar.

Briga pela bola no meio de campo.

Mesmo assim, o Umuarama continuou pressionando, e acabou diminuindo a diferença. O da equipe de Iporá veio aos 35 minutos, em cobrança de pênalti de Rodrigo Alves.

A bola entra no alto: time visitante respira.

Depois disso, o Umuarama pressionou, e a Canedense ganhou todo o tempo que pôde. E o time da casa acabou sendo bem-sucedido na sua batalha por não levar o gol de empate. O jogo terminou mesmo com a vitória da Canedense por 2 a 1.

O resultado acabou tirando o Umuarama não só da liderança, mas também da zona de acesso: Quirinópolis e Caldas Novas, este último após vencer o clássico da cidade, contra o Caldas, já na segunda-feira, deixaram a equipe de Iporá para trás. Porém, ainda é de apenas dois pontos a vantagem do Quirinópolis sobre o Umuarama. A Canedense chegou ao quarto lugar, mas ainda tem uma desvantagem de sete pontos em relação aos três primeiros colocados, de modo que o acesso ainda é um sonho distante.

Agora sim, minha jornada estava completa. Hora de fazer um bom jantar no Goiânia Shopping e descansar para pegar o caminho de volta no dia seguinte.

Monte Cristo surpreende e empata com Evangélica

De vez em quando, é bom respirar outros ares. E foi o que eu fiz no último fim de semana. Depois de, no sábado, pegar a BR-060, também conhecida como Rodovia Governador Henrique Santillo, e me dirigir a Goiânia, aproveitei o domingo para fazer uma rodada dupla na Grande Goiânia, com jogos pela Terceira Divisão do Estado. O primeiro encontro dessa rodada dupla foi realizado em Aparecida de Goiânia, no estádio Aníbal Batista de Toledo, e envolveu Monte Cristo e Evangélica, de Paraúna. Embora a equipe visitante realizasse uma campanha apenas mediana, tendo somado 12 pontos e ocupando a quarta posição antes do início da rodada, ainda assim chegou a esse jogo com amplo favoritismo, uma vez que a equipe da Capital (mas que tem mandado seus jogos na cidade vizinha) vinha de nove derrotas em nove jogos pelo campeonato, sofrendo 36 gols e marcando somente três. Porém, a Evangélica precisava fazer valer esse favoritismo, e o Monte Cristo certamente ia querer aprontar. No mais, a equipe de Paraúna engrossou um pouco mais a minha lista de times vistos ao vivo, que chega aos 199 integrantes. Assim, no horário marcado, cheguei ao estádio para essa grande partida.

Apesar de ser considerada favorita, a Evangélica demorou para entrar no jogo, e o Monte Cristo chegou até a desperdiçar algumas chances de abrir a contagem. No geral, o jogo era truncado, com as duas equipes cometendo muitas faltas.

Jogador da Evangélica briga para não perder a bola.

E a apatia do time visitante custou caro. Aos 25 minutos, Chiquinho acertou um belo chute cruzado, abrindo a contagem para o Monte Cristo, para surpresa geral dos presentes. A Evangélica até acordou depois do gol, mas errava muito, e não conseguiu reestabelecer a igualdade. O primeiro tempo acabou mesmo com a vantagem mínima do time da casa.

Jogadores disputam a bola.

No segundo tempo, a Evangélica, em desvantagem, foi para cima. Mas não conseguia criar perigo, e a partir dos 15 minutos o Monte Cristo chegou até a ter algumas chances para marcar o segundo.

Evangélica tenta atacar e empatar o jogo.

No entanto, o jogo ficou ainda mais violento na segunda etapa, com muitas faltas, especialmente cometidas pelo time da casa. A situação da Evangélica complicou mais ainda aos 39 minutos, com a expulsão de Romarinho.

Evangélica insistia, mas o gol não saía.

Mas, quando parecia que a zebra ia mesmo dar as caras, a Evangélica acabou chegando ao empate. Aos 43 minutos. Gean cabeceou livre e colocou tudo igual no placar. E, apesar da pressão final, o jogo terminou mesmo empatado em 1 a 1.

Gean, da Evangélica, tem pressa para reiniciar a partida.

Pelas circunstâncias, o resultado pode até ter sido decepcionante para o Monte Cristo. Mas, para uma equipe que, desde a penúltima rodada do campeonato da Série C goiana de 2010 havia perdido todos os seus jogos pela competição, o primeiro ponto conquistado nesse período foi uma vitória. Curiosamente, o último ponto conquistado pela equipe havia sido em uma vitória por 2 a 1 sobre o Aparecida, no dia 21 de novembro de 2010, no mesmo Estádio Aníbal Batista de Toledo. Pelo lado da equipe de Paraúna, mesmo com o empate conquistado no final, pouco há para comemorar. O time caiu para a quinta posição, e as chances de acesso se tornaram remotíssimas.

O término da partida não representou o final da jornada. Depois do jogo, fui repor as energias almoçando no Flamboyant Shopping e, depois, fazer mais uma cobertura.

Esta é a primeira foto desta matéria, sem recortes, que fiz questão de publicar assim por um motivo: nos 90 minutos em que estive no estádio, não havia notado aquele painel com duas meninas jogando bola. Só fui notar quando olhei essa foto. E achei que ficou bacana o contraste entre o desenho e o jogo real.