segunda-feira, 4 de junho de 2012

No final, Ypiranga bate Ipitanga e lidera

E, no último fim de semana, mais uma vez eu fui respirar novos ares, e aproveitar para ver uma partida de futebol. Dessa vez, o destino foi a belíssima Salvador, primeira Capital brasileira, e Capital da Bahia, estado que tem uma das culturas mais ricas de todo o Brasil. Meu destino dentro da cidade foi o Estádio de Pituaçu, onde se enfrentaram Ypiranga e Ipitanga, em confronto válido pela Segunda Divisão baiana. A despeito da semelhança fonética entre os nomes dos dois times, o confronto reuniu dois opostos. O Ypiranga é famoso por ser o time pelo qual torcia o escritor Jorge Amado, mas sua história não se resume a isso. O time foi campeão baiano por 10 vezes, a maioria nos anos 30, época em que se alternava no topo do pódio com Bahia, Botafogo e Galícia, esses dois últimos também na Segundona baiana atualmente. Mas desde 1951 o time não levanta a taça, tendo vivido desde então até mesmo alguns períodos de inatividade. Agora, o time tentasse reerguer. O Ipitanga, por sua vez, tem uma história bem mais recente, tendo sido fundado em 2003. Os primeiros anos do time foram muitos bons, ganhando o título da Segundona local já em 2004, e fazendo boas campanhas nos dois anos seguintes, chegando a disputar a Série C nacional em 2005. Depois disso, o time foi piorando, e saltando de cidade em cidade, em busca de apoio das prefeituras. Ano passado, o time acabou rebaixado após perder seis pontos pela escalação de um jogador irregular. Atualmente, o Ipitanga vem mandando seus jogos em Terra Nova.

No atual campeonato da Segunda Divisão, as duas equipes, que integram o Grupo 1, vivem situações opostas. O Ypiranga, antes da partida, liderava o grupo, com dez pontos, e está firme na briga pelo acesso. O Ipitanga, ao contrário, somou somente um ponto até aqui, e é último colocado do grupo. Entrou em campo buscando se recuperar a qualquer custo, e vencer essa partida seria fundamental. Os dois clubes são novidades na minha lista, que chega assim a 181 clubes e quatro seleções. Assim, para não perder nenhum lance, peguei um taxi e fui para Pituaçu, para conferir mais essa grande partida. Das arquibancadas, ainda consegui fotografar o time do Ypiranga, que jogou de branco. O Ipitanga não posou.

Jogadores do Ypiranga posados.

Equipes perfiladas para a execução do Hino Nacional.

Fazendo uma campanha melhor que a do seu adversário, era de se esperar que o Ypiranga fosse para cima. E, de fato, assim foi. O time da casa começou o jogo com total domínio, mas errava muitos passes e pecava nas finalizações. Além disso, o ataque se posicionava mal, e por diversas vezes os atacantes do Ypiranga foram pegos em posição de impedimento. O Ipitanga, por sua vez, era totalmente inócuo quando tinha a posse de bola.

Jogador do Ypiranga tenta sair da marcação.

Presença do Ipitanga no ataque, mas o jogador do Ypiranga tem a bola sob controle.

Boa chance para o Ypiranga, que, porém, acabou não se concretizando.

O gol do Ypiranga saiu aos 15 minutos, quando Junior recebeu um passe açucarado, dessa vez em posição legal, e, contando com a falha do goleiro, abriu a contagem. Ypiranga 1 a 0.

Ypiranga na frente.

O time da casa relaxou com o gol, mas ainda assim continuou mais perigoso no ataque. O Ipitanga teve uma boa chance em uma cobrança de falta frontal, que acabou na barreira. Mesmo assim, o mesmo Júnior, 14 minutos depois do primeiro gol, balançou as redes novamente. Ele acertou uma cabeçada cruzada fraca e fez 2 a 0 para o Ypiranga.

Ypiranga 2 a 0.

O jogo continuou na mesma toada, com o Ypiranga cozinhando o galo e sendo pouco ameaçado pelo Ipitanga. Mesmo assim, o time da casa teve chances de marcar o terceiro. Mas o primeiro tempo terminou mesmo sem que os times voltassem a mexer no placar.

Mais dois flashes do primeiro tempo. Ypiranga jogou melhor nesse momento, e teve chances de aumentar.

No segundo tempo, o jogo mudou completamente. O Ipitanga já tinha perdido algumas boas chances, quando, aos 6 minutos, Oton, livre de marcação, diminuiu a diferença. Apenas 2 minutos depois, Baco cobrou falta com perfeição e empatou a partida, para total surpresa (e decepção) dos presentes.

Comemoração do primeiro gol do Ipitanga: uma reação espetacular no começo do segundo tempo.

Depois do gol de empate, o Ypiranga acordou, mas demorou para soltar o freio de mão. Aos 15 minutos Caboré acertou uma bela cabeçada no travessão, perdendo grande chance de colocar o Ypiranga novamente na frente. O jogo ficou parecido com o que foi no primeiro tempo, com o Ypiranga atacando mais e o Ipitanga não conseguindo criar nada.

Jogadores brigam pela bola perto da bandeira de escanteio. O bandeirinha observa a disputa.

No entanto, os deuses do futebol resolveram mostrar sua cara. Aos 43 minutos, pouco depois de o Ipitanga ter perdido duas chances claras de gol - talvez suas únicas chances depois do empate -, o Ypiranga passou novamente à frente. E quis o destino que o mesmo Baco que marcou o gol de empate desviasse de cabeça um cruzamento, jogando a bola contra suas próprias redes e fazendo explodir a torcida do Ypiranga. E, embora ainda houvesse mais alguns minutos de jogo pela frente, nada mais de interessante aconteceu, e o jogo terminou mesmo com a vitória do Ypiranga por 3 a 2. Uma vitória que deixou a torcida feliz, mas muitos torcedores ficaram com a pulga atrás da orelha.

Duas panorâmicas do belo estádio de Pituaçu.

O Ypiranga manteve a dianteira na competição, com 13 pontos. Na sua cola, vêm o Botafogo, com 11, e o Galícia, com 9, mas um jogo a menos. Os três times buscam reviver seus grandes momentos, e ainda terão tempo para mostrar sua força. Certamente as próximas rodadas da Segundona baiana prometem muito. Quanto ao Ipitanga, segue com apenas um ponto, e deve permanecer por mais um ano longe da divisão principal do futebol baiano. Como o regulamento não prevê descenso, caso o time não consiga sair da lanterna do grupo, terá que disputar a Seletiva para a Segunda Divisão em 2013. Muito pouco para um time que já alçou voos bem mais altos.

Encerrado o jogo, peguei um taxi para retornar ao Hotel Villa Bahia, no Centro Histórico de Salvador, onde fui muito bem recebido e tive uma excelente estadia. Recomendadíssimo a qualquer pessoa que queira visitar Salvador, cidade que, aliás, é belíssima e merece ser visitada. No dia seguinte, encarei a viagem de volta à Capital Federal, para mais uma semana que estava para começar.


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